sábado, 28 de fevereiro de 2009

O Carnaval em Marcelim

Após a morte inesperada e muito sofrida de um membro desta grande família de Marcelim (em 2006) deixaram de ser comemorados com a alegria típica os dias de Entrudo.
Desde 2007 até ao presente ano, que tanto o Domingo como a Terça-Feira de Carnaval, não passaram de meros dias do ano.
Acredito que essa tradição e esse entusiasmo característico estão apenas adormecidos, e é necessário que toda a dor seja ultrapassada para que voltem a acordar.

Mas recordaremos tempos passados de pura alegria Carnavalesca por esta aldeia de Marcelim...


Dias antes do Carnaval, rapazes e raparigas dividem-se, para a criação das deixas para os elementos do grupo rival e para a produção da comadre e do compadre, respectivamente, que são guardados em sítio seguro e escondido até ao Domingo de Carnaval.

Durante a tarde Domingueira, raparigas passeiam o seu compadre e protegem-no de eventuais rapazes que o pretendam destruir. Exactamente o mesmo fazem os rapazes com a sua comadre.


Também neste dia são alguns os mascarados que se mostram e brincam por toda a povoação.



Chegada a Terça-Feira de Entrudo, é dia de compadre e comadre saírem à rua, numa corrida repleta de alegria.
Grupos de rapazes percorrem a aldeia com a comadre, na ânsia de a proteger das mãos das raparigas mas também de conseguirem roubar o compadre a estas, para posteriormente o destruírem, e vice-versa.
O objectivo de ambos os grupos é conseguirem agarrar o compadre e comadre para depois os queimarem.

Ao longo desta "guerra de sexos", há quem procure um forno de lenha tradicional, para aí passar as mãos e posteriormente enfarruscar raparigas e rapazes na cara.


Este é também o dia, em que são muitos os mascarados, que desfilam num grande grupo pelas ruas da aldeia, batendo às portas e provocando com ditos e gestos quem aparece às janelas ou lhes abre a porta de sua casa.

Por vezes os mascarados chegam a ir até outras povoações apoquentando amigos e conhecidos na ignorância de quem assim é provocado.


Ao fim do dia iniciam-se as leituras das deixas na casa do povo, seguidas de um baile, sempre com a atenção nas horas, pois que a partir da meia-noite já é Quarta-Feira de Cinzas e não mais se fala do Entrudo.




Assim era, e assim voltará a ser, o Entrudo na aldeia de Marcelim!




Nota: A maioria das fotografias aqui expostas são dos anos de 2003 e 2006

1 comentário:

  1. Força rapaziada não deixem que esta tradição morra como em muitas aldeias vizinhas já aconteceu, eu sei que o motivo é forte, porque a falta também me tocou muito, mas outras faltas também elas dolorosas para todos nós foram ultrapassadas,a vida por vezes é madrasta e esta aldeia bem se pode queixar disso mesmo, mas temos de seguir em frente e voltar a dar alegria a esta aldeia que bem merece.
    Pomos os olhos nos nossos antepassados e familiares mais idosos que já passaram por muitos desgostos e grandes perdas e sempre nos apoiaram e ajudaram nestas brincadeiras.

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